quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


                         Lembrança II
       Quando te vi pela primeira vez, o mundo parou para mim. Sempre disse para quem quisesse ouvir que amor a primeira vista era bobagem, mas esqueci tudo o que pensava quando te vi e me apaixonei perdidamente!
        Foram os sete meses mais felizes da minha vida. Você era meu porto seguro que me apoiava e me ajudava! Nas brigas de família, quando eu ficava mal por qualquer coisa... você me abraçava e me dizia que ia ficar tudo bem. E eu me consolava!!!
        Quando me abraçava e me beijava, era como se nada mais existisse.
       Eu te amei com todas as minhas forças e com todo o meu coração.
      Mas nada dura para sempre...
     Naquele dia você me abraçou forte me beijou...
   _Quando chegar em casa te ligo.
      Nunca recebi sua ligação. Um adolescente bêbado te atropelou quando chegava em casa!
     Hoje faz dois anos que você se foi. Vejo a razão de ter sobrevivido aqueles meses, de nunca ter desistido da vida.        Passo a mão por seus pequenos dedinhos e penso: como gostaria que estivesse aqui...
      Nunca amarei mais ninguém como te amei. Você se foi mas deixou comigo um pedaço de você!
Ana... Nossa filha!!!
                                                                    Josielem Limah

                       Lembrança
  Ela passou no portão e parou de repente.
        Aquele lugar trazia muitas lembranças. As crianças corriam de um lado para o outro se divertindo. A inspetora cuidava de um arranhão na perna de uma menininha com os olhos cheios d’água.
      Ela fora muito feliz no tempo que estudara ali. Mas de uma hora para outra tivera que mudar, deixando tudo para trás.
       Eduardo! A lembrança ainda a fazia sofrer. Tinha 17 anos quando mudou para aquela escola. Não queria estudar ali, mas o pai foi bem firme, quando disse que não ia ficar gastando dinheiro, pagando colégio particular se ela não dava valor. Tinha que reprovado e então teve que se mudar para uma escola pública como castigo.
        Depois de um mês, era como se tivesse estudado ali a vida toda. Cursava o segundo ano e adorava os colegas e também o garoto da sala do lado.
        Ele era tudo que ela havia sonhado. Alto, olhos cor de mel. Era romântico, tocava violão jogava futebol. Ela se sentia nas nuvens quando estava com ele.
       O pai ficou uma fera quando ela contou, e não aceitou. Ela fingiu que havia terminado mas se viam todos os dias na escola.
        Nunca entendeu porquê seu pai reagiu desse modo.
      Mas tudo o que é bom dura pouco. Não passou muito tempo e seu pai descobriu que ela não havia realmente terminado.
       Ele não falou nada o dia inteiro. No outro dia quando ela chegou do colégio teve uma surpresa. Havia um enorme caminhão de mudanças na frente da casa e vários homens de macacão azul carregavam os móveis.
        Pegou o celular e ligou para Eduardo. Quando começou a falar com ele, sentiu o celular sendo arrancado de sua mão.
       Ela ficou olhando atônita quando seu pai jogou o celular na calçada e pisou em cima, até desmontar tudo. Ficou olhando para ela com fúria no olhar, depois saiu e entrou na casa.
       A lembrança desse acontecimento ainda a machucava e fazia sair lágrimas dos olhos.
        Saiu andando pelo pátio do colégio. A porta da sala de diretoria estava fechada, mas foi aberta. Ela parou de frente e ficou olhando para ver quem saía. Eduardo!
        Ele veio vindo mas não parou na frente dela. Passou por ela como se não tivesse ali. Ela se virou e ficou olhando as costas dele até entrar na sala e fechar a porta.
     O que tinha acontecido?
      De repente começou a se lembrar...
     Faróis fortes nos olhos, freadas, gritos de desespero, cheiro de fumaça e escuridão.
       Não é possível- pensou- colocou a mão na parede e viu o braço desaparecer.
     Ela havia morrido em um acidente de carro.
                                         Josielem Limah